Meus Filhos
Ah meus filhos...
Onde andarão?
Haverá poesia nas ruas?
Estará justaposta
A história no chão?
Poderei eu, pobre artista
Extrair ouro das minas
Recolher o brilho dos olhos
E ainda alimentar-me do pão?
Pois é, meus filhos...
Será que lembrarão
Da mata que já foi verde?
Do sangue derramado
Em prol revolução?
Saberei eu, velho e calejado
Enquanto calados assumo omissões,
Explicar-lhes das flores formosas?
Então dizer-lhes o quão bonita
É a rosa?
Ai, meus filhos!
Sentirão o som acústico
Do simples e belo náilon
Pelas cordas sofridas
De um esquecido violão?
Poder-me-ei, homem e romancista,
Chorar em meio ao vão
Se até o vão virou mar
E o mesmo mar, virou não?