BOUQUET

Queria parar de pensar

Essas horas a passar enervam-me

Cada tique é como um aviso do algoz

Sinto meu pescoço na forca

Cada pensamento leva-me a profundidade de meus medos

Estou a sufocar nessa taquicardia de horrores

Acordo envolta em gélido suor

Vejo rios de sangue

Estou em um filme macabro

Não sei blefar

Estou perdendo minhas cartas

Afogando em desespero

Durmo sob luas de sangue

Acordo em neblinas negras de dor

Não há dia, não sinto noites

Escuto o silencio, mas não teu sorriso

Palavras jogadas ao vento

Retornam como setas envenenadas

Sinto as dores do mundo

Porem não ha quem minhas dores sinta

Estou a cochilar em cama de pregos

Em travesseiro de pedras á ressonar

Tenho coberta de espinhos

Camisola de urtigas

Cansada estou ficando

E perdendo para mim

Não há gritos no escuro

Há rosas negras em meu bouquet

Deborah Mahara
Enviado por Deborah Mahara em 24/04/2009
Código do texto: T1556712
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