BOUQUET
Queria parar de pensar
Essas horas a passar enervam-me
Cada tique é como um aviso do algoz
Sinto meu pescoço na forca
Cada pensamento leva-me a profundidade de meus medos
Estou a sufocar nessa taquicardia de horrores
Acordo envolta em gélido suor
Vejo rios de sangue
Estou em um filme macabro
Não sei blefar
Estou perdendo minhas cartas
Afogando em desespero
Durmo sob luas de sangue
Acordo em neblinas negras de dor
Não há dia, não sinto noites
Escuto o silencio, mas não teu sorriso
Palavras jogadas ao vento
Retornam como setas envenenadas
Sinto as dores do mundo
Porem não ha quem minhas dores sinta
Estou a cochilar em cama de pregos
Em travesseiro de pedras á ressonar
Tenho coberta de espinhos
Camisola de urtigas
Cansada estou ficando
E perdendo para mim
Não há gritos no escuro
Há rosas negras em meu bouquet