Há
Há a vida,
escorrendo
líquida e quente,
nas voltas das horas,
entre as ruas.
Há a noite
com suas lágrimas
alvas, que mentem,
e há o horizonte
fazendo provar que
a noite é noite
em qualquer lugar
e há preposição
e há verbo
e há vento
Há o tempo
Velho sábio
e imortal
Há o vinho,
Ah, o vinho,
deslizando
e fazendo
deslizar
com sua sede voraz,
Há o cérebro
E há a vida.
Há a vida
e o ar é pouco
e resta vida a viver,
dias a acordar,
noites a perecer
e mulheres a amar
Há o amor.