A Carapuça Censurada
Dêem-lhe um grão de arroz, pois fará uma farta plantação;
Dêem-lhe um humilde emprego, tão logo criará uma próspera empresa;
Dêem-lhe também um singelo amor, que a mocinha vos entregará a mais
[bela paixão...
Mas ainda dêem-lhe de súbito aquela árvore – essa carapuça constrói cama,
[ banho e mesa!
Dêem-lhe de presente um coração de poeta: aí a moça se atrapalha,
Briga com o poeta, xinga o poeta e até o chama de canalha!
Acaba por pisar em toda plantação e seu ódio implanta ervas-daninhas;
Acaba por sair de todas as empresas e ainda, para desgosto do patrão,
[ debruça-se sobre o INSS...
Acaba por destruir não só a bela paixão, mas mata queimado vivo
[o singelo amor;
E como se não bastasse, arranca de súbito as raízes da árvore e me rouba
[ a cama, a mesa e o banho;
Que triste! ao lado do poetinha, transforma versos heróicos em
[ poemas de síntese bárbara.
Mas não será sempre assim – já entendo
O motivo de sua imensa fúria!
É que o tempo anda rápido, sabendo
Que a espera, não gosta de andar de mula:
Se tanto serve a carapuça, és nula!
Obs.: É uma honra ter um poema censurado nos dias de hoje em que as pessoas se omitem cada vez mais. Em contradição com a lei, o site manteve a censura. Não perderei meu tempo brigando em vão na frente de um juiz. Só haverá calúnia, injúria ou difamação quando atribuições forem citadas. A lei de livre expressão da constituição federal existe para encerrar este assunto. Contudo, é bom saber que a poesia ainda incomoda...