De Vidas Alheias

Soluçava a dama em seu íntimo drama de casada

Mas esperava, esperançava, enquanto penava...

Que pelo seu pedaço, ainda assim, era mui amada!

Por constelações ainda esta noite seria arrastada,

Em poéticos lagos enluarados com ele se banhava...

E sorria a dama em seu drama que sonho virou!

Seu choro é findo e é lascivo seu respirar...

Gemendo e tremendo, seu mais íntimo tocou,

Enternecidas frases em falsete balbuciou,

Como se seu pedaço a estivesse de fato, a amar...

“Ah! Doce pecado, pedaço meu de mau caminho...

Saberás tu a que ponto é por ti o meu gostar?”

E a dama se derrama em solitário descaminho,

Até que o sono a vai ganhando de mansinho

E adormece, sonhando em não mais acordar...

Seu homem finalmente, na madruga chegou

Bebido e fedido, ruidosamente se deitou,

Na amarra, a pobre dama foi chacoalhada...

Como se não existisse, ela a nada resistiu!

Brutalmente, resfolegando, ele a possuiu...

Mas ela, não deu por nada.

Luis C Nelson
Enviado por Luis C Nelson em 23/04/2009
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