ALMA ITABIRANA
Um dia...
nasci.
No ar, perfume de manacás
e de laranjeiras em flor.
À sombra do Cauê,
caminhando em hematitas
de ouro salpicadas,
cresci.
Subia e descia
ladeiras e morros...
Brincava, saltava,
por entre mangueiras,
jogava bola,
rodava pião...
Bonecas?
Enfeitavam o quarto,
quietinhas, sobre suas camas,
em um canto escolhido.
O tempo correu.
A vida passou.
Não há manacás,
laranjeiras em flor,
nem hematita nas ruas.
E o Cauê?
_Já se foi...
Resta em mim
a alma itabirana,
de ferro feita,
com saudade do passado.