O Miradouro da Lua I
O Miradouro da Lua
No cair da tarde veio o vermelho a jorrar teu choro,
E a alma caiu contigo,
Lá no fundo, onde o céu abraça o mar,
Teu fogo alastrou por entre as pedras pontiagudas,
E do cume do majestoso castelo,
Vi o fogo queimar lentamente,
Tudo em redor, ficou negro,
Tudo escureceu na minha mente.
Do miradouro da Lua vi os teus braços,
Saírem do vulcão que se abriu no céu,
E a abraçarem meu corpo,
Que ficou derrotado com o quadro desigual,
Uma vista disforme, cheia de beleza natural,
De uma terra debruçada sobre o mar,
E um povo que se arrasta, para poder sonhar,
Encravado na inóspita paisagem,
Que separa o mundo de betão, e a outra margem!
Os quarto paus se vêm no fundo do abismo,
Marcam a presença de vultos, perdidos no espaço,
A fotografia regista a hipocrisia do buraco,
Da paisagem fabulosa, cheia de vida, e cheia de trapo,
A miséria no contraste do paraíso,
Do meu mundo, de fome, e fartura, sem juízo,
O cair do sol esconde o quadro feio,
E o belo miradouro da Lua, assinala que esta terra é bonita,
Com uma placa cravada num esteio.
Poema sobre o Miradouro da Lua - Luanda
Nenúfar 21/4/2009