EUFEMISMO

Assisti a tua sina
pelos caminhos viáveis desta vida.
Compadeci-me, mas só por um instante
ao recordar aquele momento inepto.
Deparei-me com a tua inércia,
o fruto que já tinhas consagrado.
Aspirei o teu perfume de um modo melancólico,
debrucei-me pra te olhar
ante a campa escura e meditei teu passado;
vasculhei a tua memória;
Li até os teus romances,
mas nem mesmo eles ousaram falar de ti.
A tua lua não teria surgido,
tuas estrelas não teriam brilhado.
O teu sol era fraco, tua vida covarde!
Todos eram inerentes a ti,
mas o oculto tragou tua paz.
Agora é tarde para reconciliar,
agora é tarde pra querer ficar.
É tarde, pois tua chance esvaiu-se no tempo
e o tempo não mais mudará!
Não estarei contigo para ouvir teu gemido,
não lamentarei o teu pranto;
não sentirei o teu corpo romper,
tua carne rasgar, teu sangue escorrer
até o último pingo...
Não sentirei os milhões de necrófagos
saborearem a tua carne
até que restem os ossos...
se restarem!
Depois de tudo isso, verás o que te valeu
fazendo-te orgulhosa enquanto vivias...
Maurício Pais
Enviado por Maurício Pais em 21/04/2009
Reeditado em 08/05/2009
Código do texto: T1550974
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