AGUAS DE OUTUBRO

AGUAS DE OUTUBRO

por Carmen Fossari

Um dia a esquina da vida

Tropeça o passo

Rasga o dia de cotidianos

Previsíveis

Chove dos olhos

Sal e gotas

A roda do destino fere

O dedo das mãos

Tão frágeis, feito pedaços do cristal

Hoje e Ontem se maceram

Do vazio da ausência

Da recente presença

Dos Universos compartidos

Recosturar os pedaços

Das humanas temporas

Caídas com a tormenta dos ventos

Molhar a dor no lago

Aberto de vazios

Cobertos de outras águas

Aquelas do rio que segue

Sabendo ser seu destino

Avançar por entre as pedras

,Afluentes difíceis

Ser em volume e densidade

Capaz de abraçar o Mar

Nascer o Sol

No amanhecer

Abraçar a Vida

Assim como o rio

Que beija o mar

E se esquece

Reconstruindo-se da mesma água

Em oceano pleno.