RUA DO ORFANATO.
Fazia muito frio na rua onde morava.
O rir era frio,
O chorar também.
Fazia frio no canto que se cantava,
Na oração que se orava,
Nas lágrimas que caiam pelo colo inafagado.
Fazia muito frio na rua onde morava
Nas peraltices infantis
Havia um pouco de frio humano,
Que gelava almas, corações,
Pois fazia muito frio na rua onde morava.
O Sol batia forte, mas fazia frio.
O suor escorria pela fronte avermelhada,
Mas fazia frio.
Não o frio que se aquece em chamas,
Não o frio que mata,
Não o frio que com calor se sana.
Era o frio da alma,
Que se aquece em chamas,
Que mata,
Que com calor se sana.
Mas que se aquece
Com chamas de calor materno,
Que mata no inverno
Da solidão humana.
Minha rua fazia frio de fato,
Era a rua de um orfanato.
(D'Eu)