Alegria de matuto
 
Nordestino nosso
desse imenso Brasil
puxando boi do patrão,
carregando lenha
para o fogão
fogareiro que só cozinha
de vez em  quando...
ou mesmo suportando
o peso da fome
que bate à porta
da casa de taipa 
e tramela torta
conformado, até feliz
boca escancarada
na risada sem dentes
o que mastigaria?
fumo de rolo no canto
da boca, como iguaria
nordestino nosso
suporta a seca danada
faz oração com a alma
de esperança represada...
como amigo, um burro
velho, cansado
e um cão desnutrido
de companhia a "muié"
e carreirinha de "fio"
"inté quano  Deus quisé"

Yara Lima Oliveira
 
:
:
:
 

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

(Súplica Cearense, jóia rara de Luiz Gonzaga)