Verde-esquecimento

O que tenho nas mãos é pura banalidade.

Essas roupa, esses objetos,

Não são meus.

Nem é meu aquilo por que tenho

meu maior afeto.

Nem é meu, o meu corpo.

Sou um hóspede nesse mundo.

Em trânsito.

Indisponível.

Tudo que ontem era cor viva,

Amanhã será verde-esquecimento.

E como pó, que se vai ao vento,

Desaparece no infinito.

O que é o afeto?

O que é o laço que nos prende?

O que é esta angústia de viver,

De amar para depois saber,

Que tudo isso vai passar?

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/05/2006
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