COROA DE PAPEL

Escrever os sonhos num pedaço de papel.

Idealizar amores proibidos, impossíveis

E possíveis à um menestrel.

O poeta, encantador de serpentes

Em seus paraísos.

Cavalo e feliz escravo de suas musas,

De quem cultua os sorrisos.

Perdido entre as estrelas

Em sua peregrinação pelos sete céus.

Filho da sereia e seus sete mares;

Amante da odalisca em seus sete véus.

Zombador dos reis e suas fortunas dispensáveis.

E que usando uma coroa de papel se torna

Midas, transformando em poesia as coisas

Desagradáveis.

O bobo da corte e o harlequim do carnaval.

O profeta, um anarquista, um semi-deus,

Exu e o berimbau.

O bailarino louco contra aqueles tanques

Da praça da paz.

Os lírios do campo, as pazes do cravo

Com a rosa; a centelha de Hiroshima,

Pompéia e outros infernos astrais.

Não quer mudar o mundo, não se chama

Raimundo, não é a solução!

Mas escreve a utopia sobre as rasuras

Do dia a dia, até morrer de paixão.

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