Somos todos munição
Empunhando bandeiras de paz
aguardamos desforra e reinado
Platão
o ser-político é o animal
O homem é fera bélica
Toma para si roupagens de camaleão
e veste-se da cor conveniente ao golpe
Da raposa transplanta-lhe a vil argúcia
planeja e executa a tomada do alheio
Veste do cágado sua couraça invulnerável
para que nem leis ou projéteis o atinja
Imita o ovíparo mais fértil
para que tudo lhe seja filho e servo
Aprisiona a constelação de capricórnio
para roubar-lhe a eternidade
Toma do corvo o estômago carniceiro
para não ter náuseas de seus infanticídios
Rouba da arara a rara beleza e cores
para a presa ser presa fácil pelo sorriso
O homem é o crime perfeito:
antes do cérebro
lhe amadurece a ogiva