Desespero natural

Eu vou voltar pro meu desespero natural agora…

porque o amor dura tão pouco

a lua dura tão pouco

a noite é intensa

a vida vai sempre embora...

não é que eu queira ser imortal,

não, isso não.

Mas, às vezes, quando eu apago as luzes

e olho as estrelas,

percebo que tanta coisa está errada...

aí eu medito um pouquinho (um tempão),

respiro fundo...

e volto pro meu desespero natural.

É tudo tão banal...

eu mergulho minha mente em coisas supérfluas,

o dia inteiro... a noite inteira...

mas quando fecho os olhos e penso na vida,

nas coisas que estão me acontecendo, nas pessoas,

percebo tantas coisas fora de lugar, tanta hipocrisia,

tantas pessoas falsas, interesseiras, mercenárias...

percebo detalhes que escapam da nossa atenção

em meio a tanta correria, tanto desespero.

Amanhã eu vou voltar pro meu desespero natural,

só pra variar um pouquinho...

porque esta noite minha revolta não deixa.

Muitos me chamam de psicodélica,

mas eles não sabem o porquê...

Pobres normais...

mergulhados em seus desesperos naturais,

procurando amor, pobres normais...

não sabem amar.

Pobres normais... rotulados e preconceituados,

rotuladores e preconceituosos,

não sabem amar.

Mas esta noite eu posso mudar...

na loucura do meu sonho,

no som da minha guitarra,

nos olhos do meu amor,

na voz da minha alma,

no verde da água do mar,

nas linhas do meu poema,

no grito da minha música...

por tudo eu posso mudar.

Só hoje...

porque amanhã tenho que voltar pro meu desespero natural.

Talvez esta noite passe como um alucinógeno...

mas será o melhor momento,

a melhor noite,

a melhor música,

a melhor lágrima,

o melhor acorde,

a melhor viagem,

a melhor inspiração,

o melhor beijo...

O melhor...

E amanhã eu volto pro meu desespero natural.