DESABAFOS DE UMA FONTE
DESABAFOS DE UMA FONTE
No alto da serra
Estava eu, escondida.
Não sabiam quem eu era
Surgi, pegando a descida.
De pingo em pingo
Fui formando um minador
Encontrando com outros
Num tão suave frescor.
Construindo caminhos
Mais uns, mais outros
Juntos, formos regando
Este mundo de loucos.
Formamos um riacho
Em seguida, um ribeirão
Daí um grande rio
Revivendo vales e sertão.
Recebendo muitas águas
Da esquerda e da direita
Ora, em extensas larguras
Ora, tão estreita.
Fomos regando plantações
Saciando a sede de animais
Abastecendo cidades
Revigorando os matagais.
Sabemos nosso destino:
O objetivo é o oceano.
Isso se nos deixarem
Os cruéis seres humanos.
Nascemos tão naturais
Numa intensa brancura
Sofremos as conseqüências
Dessa cruel desventura.
O homem é conhecedor
Da nossa importância.
Destrói a própria vida
Em constante extravagância.
Passamos por uma cidade,
Duas, três, cem ou mil.
Modificando a realidade
Do mundo e do Brasil.
Foram nos poluindo,
Os peixes sendo acabados
Com tanta poluição
O mundo ficou mudado.
As gerações atuais
Sabem que a vida é árdua.
E que não viverão
Se lhes faltarem água.
ÁGUA que representava:
vida,
saúde,
abundância,
esperança,
diversão.
Mas que tornou-se símbolo:
de morte,
de doença,
desastre ambiental,
poluição.
A fonte que alegremente
Naquele morro nascia
Morreu tão de repente
Numa triste nostalgia.
E os rios tão navegáveis,
Hoje atravessados à pé
Por pessoas que os destruíram
Sabemos o futuro qual é:
Homens guerreando pela água:
Um bem tão precioso,
Destruído por gerações,
Num progresso ambicioso.
GILVANIO CORREIA DE OLIVEIRA
itanhemninja@hotmail.com
ITANHÉM-BA, 25/07/2006