Silêncio dos brinquedos
Nenhuma palavra,
Nenhum som.
Poderá voar?
- Avião de papel...
Mãos vacilantes,
Origami quase esquecido...
Quanto tempo se passou
Do último ronco de motor...?
Acrobacias vertiginosas
Com o pequeno avião
Feito com papel de pão.
Ah, que saudade do menino
Que falava com brinquedos...
Ouvia os gritos de seus índios
Lutando com seus soldados,
Seus trens que apitavam
Chamando a atenção de todos!
Os bichos - cada um tinha o seu nome,
Cada um tinha sua história,
Cada um, sua magia.
Na verdade, nem sei se existiam,
Não precisava... o menino inventava.
Hoje, olhando brinquedos silenciosos,
Concretos, palpáveis, porém distantes,
Me pergunto se se calaram,
Ou simplesmente deixei de ouví-los.
Em que momento o encanto se foi?
O que teria sido mais atraente
Do que pegar aquele trem?...
Voar... brincar... sonhar...
Agradeço ao menino.
Cuidadoso, guardou a todos
No silêncio de suas memórias
prá, quem sabe um dia,
Quando o futuro devolver
A lucidez da infância,
Ser possível ouvir de novo
O ronco do motor do avião
Feito com papel de pão.