Controversos
Abre a janela do tempo
É voz é impar é par
O mundo correndo lá fora
E eu já me cansei de esperar
Abre a porta da vida
Pare este trem, porque eu quero saltar
E se o universo não há de parar por mim
Não se incomodem: eu posso pular
Não é que eu seja sempre assim
Só preciso de um pouco de ar
Preciso respirar fora disso, fora d´água
Eu só preciso precisar
Sou a metade do dobro
Da corte sou só o bobo
Um trote, um engodo
Quem não há de concordar?
Finjo fingir que não finjo
O que talvez seja de se admirar
Mas só quero de minha parte
O meu dinheiro de volta
Quando tudo terminar
Alguém talvez diga que é arte
Talvez para me consolar
Esta mania terrível de palavrescamotear
A maioria diz-me louco
E eu que não me contento com pouco
Não digo nunca que não
Ponho na cabeça o chapéu
Do nobre Napoleão
E versejo nas ruas, nas praças
Para os postes, os bancos, o chão
Já me cansei deste mundo
Agora corro atrás de um Raimundo
Com uma pedra na mão
E para não perder a rima
Te pergunto: e agora, João?
Eu que procuro rima para a vida
Fui rimar com solidão...