Alma-Lagarta
ALMA-LAGARTA
Minh'alma anoiteceu lagarta
E passou a noite tecendo
Suas seda-reminicências
Pacientemente
Cuidadosamente
Delicadamente
.
Horas...
.
Findo o trabalho engenhoso
Entocou-se no casulo formado
Confortavelmente
E ali permaneceu
Envolta em considerações
Até que o primeiro rasgo de sol
Aquecesse os seus fios
Esfriasse suas mágoas
Calasse sua dor...
.
Corta o azul, o astro quente
E minh'alma, agora pronta
Rompe, violentamente
Sua morada noturna
De reminicências...
De considerações...
Inspira, abre as asas...
E voa...Voa alto, voa livre
Sem preocupar-se com
Nova noite anunciada
E a necessidade diária
De, a cada noite,
Retornar ao casulo...
.
(Lena Ferreira)