Palavra
Constitua-te, em mim
Transfigura-te.
Abandona os teus significados
E faça-te elemento profundo,
No mais profundo sentido,
Por ti constituído.
E, em perenes espaços
Em que têm te semeado,
Reerga-te.
Palavra,
Dá sentido ao meu poema.
Torna-te poética,
Derrubando aparências,
Inventa transcendências, rimas, métricas...
Prenças, ausências...
dá-lhe asas para voar.
Retroceda esse tempo,
Retoma a história,
Reabra o passado,
Lança memória, no ar.
Recomeça e manifeta-te.
Sê reencarnação do tempo preciso.
Restabeleça a experiência original.
Dá sentido à referência,
Ajuda o poema a consagrar-se.
Plavra, aplica-te.
Faze-te puro estar.
Aglomera sentidos,
Reestrutura consciências
Ajuda, pois ao meu poema,
Ao metaforizar,
Sacudir perplexidade
E a Verdade e o Amor despertar.
Significa o sentir,
Desperta rio e mar.
E com coragem, ousadia,
Faze o poema,
Pelos mares navegar
Pelos céus flutuar,
Pela vida cantar,
Em minh'alma se espalhar,
Ficar.
E, além de ti,
Chegar.