Palavra

Constitua-te, em mim

Transfigura-te.

Abandona os teus significados

E faça-te elemento profundo,

No mais profundo sentido,

Por ti constituído.

E, em perenes espaços

Em que têm te semeado,

Reerga-te.

Palavra,

Dá sentido ao meu poema.

Torna-te poética,

Derrubando aparências,

Inventa transcendências, rimas, métricas...

Prenças, ausências...

dá-lhe asas para voar.

Retroceda esse tempo,

Retoma a história,

Reabra o passado,

Lança memória, no ar.

Recomeça e manifeta-te.

Sê reencarnação do tempo preciso.

Restabeleça a experiência original.

Dá sentido à referência,

Ajuda o poema a consagrar-se.

Plavra, aplica-te.

Faze-te puro estar.

Aglomera sentidos,

Reestrutura consciências

Ajuda, pois ao meu poema,

Ao metaforizar,

Sacudir perplexidade

E a Verdade e o Amor despertar.

Significa o sentir,

Desperta rio e mar.

E com coragem, ousadia,

Faze o poema,

Pelos mares navegar

Pelos céus flutuar,

Pela vida cantar,

Em minh'alma se espalhar,

Ficar.

E, além de ti,

Chegar.

Otelice Soares
Enviado por Otelice Soares em 13/04/2009
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