VIREI POESIA...

Já fui o pó da estrada que a boiada pisou.

A estrela que o boiadeiro no alto apontou;

Já fui a lua de prata que enfeitava o mundo,

E, ainda, o sol morno das manhãs de junho...

Já fui céu de poeta, já fui luar de lua cheia.

Já fui chuva na seca do sertão, já fui oração

na boca de benzedeira, já fui fogo de graveto

requentando janta magra, já fui leite de mãe...

Já fui ladainha nas rezas e festas do sertanejo,

Já fui capim de pasto, fui pisado nasci de novo.

Já fui passarinho fraco no forte sol de setembro,

Fui galho seco de ninho vivo, surgi ovo, virei ave.

Já fui de tudo na vida: já fui anjo e melodia, dia

quente e noite fria. Já fui bom de poesia e ruim

de caligrafia, já cantei a matemática e decorei a

geografia. Já fui Deus, já fui o guia, virei poesia...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 12/04/2009
Código do texto: T1535747
Classificação de conteúdo: seguro