Vaga Forte

Vaga Forte

Contaste-me que me dizias o futuro,

Que tinhas o poder de ver mais além do meu muro,

Que sabes por onde passam os meus pés,

E adivinhas o tempo e as marés.

Não acreditei, ou não quis ver a desgraça,

De um mundo que de todo perdeu a graça,

E segredei-te que já me deitaram as cartas,

Já me leram a sina e fizeram contas baratas,

E hoje não quero saber de mais nada,

Vou derrubar a mente na minha almofada,

E única que ficou a aconchegar o meu sono,

E me esconde do inimigo,

Uma trincheira que me salva do perigo do caminho,

E lava a mágoa, de um sonho sombrio.

O sonho trouxe a imagem do teu sorriso,

De um jeito desfigurado e pouco preciso,

Onde te encontrei, debruçada na janela,

A mostrar a fartura e o brilho do laço no cabelo,

E escrever frases de amor e a chamar com o dedo,

Convidando a dormir nos seus braços,

E a oferecer o teu calor e o regaço,

A curar a má sina de alguma praga,

A acalmar a tempestade, que me leva em sua vaga,

Vaga forte, que me tira os sentidos,

E me faz perder o meu rumo, o meu norte;

Os dedos correm a escrever a notícia,

Embalados no som da flauta que me adormece,

E no sonho do teu corpo, que me aconchega, e me aquece,

Escrevem um novo rumo, na minha história,

Um final feliz que me alivie a memória!

Nenúfar 9/4/2009