Na berma da estrada

Na berma da estrada

Foi perto desta estrada que caí,

Ali fiquei, olhando o pó da estrada,

Agarrando o chão, num desespero que dá em nada,

Sentido o cair da poeira por entre os dedos,

Sentido o vento a levar meu sonho, e meus segredos.

Caí, e parti, sem rumo para uma inglória jornada,

E hoje olho o passado como uma imensa mágoa,

Um quadro negro que persegue os meus passos,

Uma pintura real que me ata de pés e braços.

A terra quente dilui o clamor por entre a surdez do capim,

Um balancear leve na brisa que passa indiferente por mim,

E me deixa impotente,

Não me levanta, não me leva para a frente,

Não chama o meu nome, esse já se perdeu no vento,

Perdeu-se, tal como tudo o resto,

Fiquei só, tão só, que o que resta cabe num cesto,

Um punhado de sons que me acompanham,

E alguns versos que entre as folhas se acanham,

E resignam perante o dia e o futuro,

Uma sina que não previ, um castigo demasiado duro.

Nenúfar 9/4/2009