Pássaro terminal
Nunca mais encontrei os pássaros
que libertei às centenas das gaiolas
Não há em nenhum mundo
árvore poste riacho céus tatuagem
deserto ou campo fértil
que não os tenha tentado tocar outra vez
O que em mim não terão amado?
Tudo neles amei
II
Aves libertas
serão os amores a quem dei asas?
Conquistaram para si céus e mundos
outros corpos que nunca saberei
Libertá-los
foram tentativas de permanecer preso
aos amores que vivi
E esperando suas voltas
os perdi
por serem pássaros de impossível clausura
III
Ainda que de maneira piedosa
suplico
Dêem-me notícias de seus vôos e vidas
Tragam a assistência de sobrevôos e abraços
a este amor
Terminal por tanta ausência
Para que eu também possa voar