PROSTITUTA 
      - na Semana Santa -

   Ter um pai, é claro que tive,
   mas eu jamais o conheci.
   Se morreu ou me abandonou,
   minha mãe nunca me disse
   e enquanto com ela vivi
   muitos pais me apresentou.

   Só dizia pra não pedir esmola
   e que tudo tinha um preço,
   a vida seria a minha escola
   e eu aprenderia nos tropeços.
   Depois disso me abandonou
   e só este corpo me deixou.

   Hoje pratico uma atividade
   da qual tu bem te aproveitas.
   O nome dela é comprido
   e por isso a nobre sociedade
   usa, para tê-lo mais resumido,
   a primeira e quatro últimas letras.

   Tu me deixas-te apaixonada,
   só tu preenches meu coração,
   mas sei que não te valho nada,
   sem uma cama e um colchão.
   Nunca entenderás minha dor,
   pois, como eu, não tens amor.

   Mas nesta Semana que começa
   encontrei um homem diferente,
   cujo brilho no olhar me espantou.
   Usando mantos de antigamente,
   docemente, minhas mãos tomou
   e me ensinou o que é esperança.

   Disse para eu esquecer o passado,
   perdoar os que comigo erraram,
   pois novos tempos começaram
   e Ele estará sempre ao meu lado.
   Disse que, por maldade, nada fiz
   e morreu na cruz para eu ser feliz.

             SP.  06/04/09
         Fernando Alberto Couto
       
  
Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 10/04/2009
Reeditado em 08/05/2009
Código do texto: T1532502
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