ESPINHOS DA ROSEIRA

Declaro o meu amor a esse dia, que mesmo nublado,

Faz parte da vida com o sol de todos,

Que não pode ver os corações daquela altura.

Declaro o meu amor a inimigo que não passa

De um pobre-diabo que não teve condições

De ser meu amigo.

Declaro o meu amor aos espinhos da roseira

que já ultrapassa o telhado,

E àquele lindo caramujo que põe na prática

Os proverbios universais acerca da paciência.

Declaro o meu amor á mulher infiel que me trocou

Pelos beijos da traição, que a envenenou

Com o próprio fel na sarjeta do desamor.

Declaro o meu amor às coisas da vida,

Ao cravo, à rosa, às espinhas; no vale das sombras,

num motel, e na praça da paz e seus tanques.

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