Erva Daninha
Segure então a respiração!
O coração acelera
e mais forte bate,
fazendo o sangue
levar à mente
os torpores e desejos.
(Queima o dedo)
Apague, pois, o fogo desfumaçado
que só teima em separar
as cinzas de seu cemitério.
Enquanto segundos são eternos
e meu pensamento, rápido, se esvai,
desfaleço em meu leito
e, de minha boca, nada sai.
Sogno strano bacio amico;
lavo, enfim, minh'alma esquálida.
Vou além da dor humana
no campo de ervas cálidas.
Etéreos sons que me ensurdecem,
que me acrescem
sábias visões heterogêneas.
A onda quebra
espumosa na areia.
Sobe e desce a maré.
Em meu mar de elucubrações,
estou preso ao que fui.
Doce voz humana chama.
Na candura e no sorriso;
na pureza de quem ama.
Teu sorriso alvo e ávido
corta meu maldito amor,
na pecaminosa sede impávida.
Da cama ao chão,
me vou.
Me entorpeço no espasmo
da veia frívola,
como a serpente,
que meu pescoço abraça
e com veneno me sufoca.
É suave dor de Morte.
É instante que não morre.
Sou eu que vou no fluxo
da miragem sem oasis.
É a névoa que alveja
minha razão e meu sentir.
É tudo que se pode ser
somente por existir.