A Queda no Chão de Concreto

Eles que são livres

Será que são tão tristes quanto eu?

Eles que não têm leis

Eles que não obedecem regras

E não respondem a nenhum deus

Será que são tão tristes quanto eu?

Quantas vezes estou diante de Deus e não o vejo!?

Diante da onda quebrando no mar

Diante do vento balançando a cadeira do vovô

Diante das estrelas e do luar

Diante do tão singelo e puro amor

Há algo errado comigo

Meu coração é um desabrigo

Já não tenho onde me esconder

Já não tenho muito o que fazer

Por mim e pelo universo

Nem posso rasgar o céu como eles

Eles que são livres

Será que são tão tristes quanto eu?

Esvazio meu coração

Minha alma e meu armário

Me atiro do quinto andar

Acreditando que sou um passaro

E que posso voar

Mas cai no chão de concreto

No imenso deserto

De toda minha vida

As pessoas tocam minha ferida

Com as garras

E as garras da maldade são as palavras

Palavras que machucam

Palavras que dizem tudo e dizem tão nada

Há uma palavra que me confortará,

Escrita na areia, que o mar apagará

...

Fim.

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 10/04/2009
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