A Queda no Chão de Concreto
Eles que são livres
Será que são tão tristes quanto eu?
Eles que não têm leis
Eles que não obedecem regras
E não respondem a nenhum deus
Será que são tão tristes quanto eu?
Quantas vezes estou diante de Deus e não o vejo!?
Diante da onda quebrando no mar
Diante do vento balançando a cadeira do vovô
Diante das estrelas e do luar
Diante do tão singelo e puro amor
Há algo errado comigo
Meu coração é um desabrigo
Já não tenho onde me esconder
Já não tenho muito o que fazer
Por mim e pelo universo
Nem posso rasgar o céu como eles
Eles que são livres
Será que são tão tristes quanto eu?
Esvazio meu coração
Minha alma e meu armário
Me atiro do quinto andar
Acreditando que sou um passaro
E que posso voar
Mas cai no chão de concreto
No imenso deserto
De toda minha vida
As pessoas tocam minha ferida
Com as garras
E as garras da maldade são as palavras
Palavras que machucam
Palavras que dizem tudo e dizem tão nada
Há uma palavra que me confortará,
Escrita na areia, que o mar apagará
...
Fim.