Pretensão
Sentei-me aqui, agora,
Para escrever um poema.
Mas queria que fosse diferente.
Diferente de tudo que eu já houvesse escrito.
E por pouco este não vira uma prosa.
Comecei eliminado os lugares comuns.
Mas estes são recorrentes.
Depois tentei eliminar as pessoas comuns.
Mas estes são os que realmente compreendem a vida.
Por fim, tentei alguma erudição.
Mas não queria um tratado científico.
Sobrou o que? Apenas o óbvio,
Que está sempre estapeando nossa face,
Como que dizendo:
Um poema se faz de alguns gatos pingados,
da frugalidade gramática,
e de uns pedacinhos de vida.
De imediato não achei interessante.
Eu, sempre dado a gestos trágicos,
Senti dificuldade de me controlar.
Não consegui controlar nem mesmo,
O tempo verbal do início do poema.
Então aqui vou eu. Tentando.
Tramando poemas minimalistas,
que convivem bem com gregos e modernos.
Ou com nenhum dos dois. Paciência...