Vespertino
Sinto-me tão disperso da verdadeira forma
Os retratos antigos não carregam meu rosto
Carregam o desgosto de ver o que me tornei
A minha face úmida de água morna
Vê-se no espelho com o espanto posto
De quem queria apenas salvar o mundo
E nem a si,nem a mim, salvei
Sinto-me descargo de viver o escarro da minha vida
A minha alma que já virou espirito se atira ao infinito
Pra procurar um corpo com um crânio bem melhór
Ao Pai peço que carrega-me sem lenços de despedida
Deste inferno, deste mundo, deste pretérito labirinto
Para um lugar que seja bem melhór
Sinto-me pronto pra partir
Ao longo do caminho, tão sozinho
Como sempre quase sempre estive
Vou embora sem olhar pra trás
Nossos velhos, tão velhos espinhos
Aos quais não me detetive
São apenas modestos vendavais
Ao longo da estrada de areia
Carregando a mala cheia de tristeza
Procuro olhar pro futuro
Quando a mosca foge da teia
Encontra em sua fraqueza
A destreza de um novo mundo
Sinto-me pronto pra partir