OS QUE NÃO TEMEM NEM MAGOAM
Você me adivinha, ou eu invado você?
Andamos de mãos dadas na contramão
os carros vindo, a toda, os faróis e buzinas
e nós feito fantasmas felizes, corremos e
damos risadas desatinadamente...
ganhamos o dia, barriga cheia é bom
porque espanta o vazio da alma
pés leves como em sonho singrando
os mares do asfalto,
a noite ainda boceja, acordando devagar
e agora é só desfrutar do sereno e da brisa
e sorrir com nossas bocas muito escancaradas...
metálicas formas na ponte rumo ao nada
faremos amor nos vãos das escadas
e depois cairemos nas águas do mar
pedaços de lua boiando em nossos corpos vitrificados
placentas nutrindo os peixes-bebês , mistérios marinhos...
rolaremos nas areias mornas e depois dormiremos
abraçados no sonho prometido aos puros
aos que não temem nem magoam
enquanto o mar ruge suas intemperanças
e a Terra dá sua volta e traz um novo dia...