DESPERTAR
DESPERTAR
Entreabrindo pouco a pouco
As pálpebras sonolentas,
Vem-lhe um pensamento louco
Entre idéias poeirentas.
Oscitando bem baixinho,
Sob o lençol despreguiça.
Vem o sol devagarinho
E com seus raios o atiça.
Ao deslizar sobre o leito
Soerguendo-se lentamente,
Os batimentos no peito
Agitam-se de repente.
No ar, o aroma acre-doce
De frutos já sazonados,
Um apetite lhe trouxe
Dos seus amores passados.
Mas, o tempo, lhe acenando
No espelho com um sorriso,
Vai, no ouvido, sussurrando:
“Melhor ter calma, Narciso!”