CORPUS HOMINIS

Meu corpo nu

por ti ainda não visto,

qual seja teu imaginário

carrega cruzes e calvários

tal qual o corpo de Cristo.

Ambos desnudos

estampam em seus sudários

marcas de sofrimentos

desejos e arrependimentos

transcendentários.

Olha para ele

de desejos plena

excitante por aventuras

desprovida de censuras

sem dar-se por Madalena.

Tenha-me um jesus

que por tentação se dobra;

não chores ao meu desmaio

aproveite quando eu caio

e despe o que me sobra.

Não me tragas fel!

sugiro que à média-luz

coloques na minha taça

vinho, champanhe, cachaça

e a ponhas ao pé da cruz.

Quando, em tua vigília

vires ao terceiro dia

tombar a pedra lacrada,

das vestes, estarei sem nada

e profana, te faças vadia.

Resta a ti comungar

este corpo incompreendido

e explorá-lo in-natura;

verás que o que perdura

é a imagem do corpo despido.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 07/04/2009
Reeditado em 28/04/2009
Código do texto: T1527283