CORPUS HOMINIS
Meu corpo nu
por ti ainda não visto,
qual seja teu imaginário
carrega cruzes e calvários
tal qual o corpo de Cristo.
Ambos desnudos
estampam em seus sudários
marcas de sofrimentos
desejos e arrependimentos
transcendentários.
Olha para ele
de desejos plena
excitante por aventuras
desprovida de censuras
sem dar-se por Madalena.
Tenha-me um jesus
que por tentação se dobra;
não chores ao meu desmaio
aproveite quando eu caio
e despe o que me sobra.
Não me tragas fel!
sugiro que à média-luz
coloques na minha taça
vinho, champanhe, cachaça
e a ponhas ao pé da cruz.
Quando, em tua vigília
vires ao terceiro dia
tombar a pedra lacrada,
das vestes, estarei sem nada
e profana, te faças vadia.
Resta a ti comungar
este corpo incompreendido
e explorá-lo in-natura;
verás que o que perdura
é a imagem do corpo despido.