O céu que estava aqui
Cadê o chão que estava aqui?
Bato braços e pernas no vazio
bato dentes de frio
Bato cabeça em busca de ar e luz
Cadê a cama quente que estava aqui?
Sem o ninho de antigo repouso
pareço corpo prestes a 14 provações
Solto na prisão de mundo alienígena
que via-crúcis me espera?
Cadê o beijo que estava aqui na boca?
Bato asas imaginárias
no vácuo onde a vida deveria brilhar
Cadê o chão que estava aqui?
Tampem os buracos negros do universo
O buraco negro de tua ausência
que a tudo engole e onde caio
Cadê o amor que estava aqui no peito?
Agora cremado não é nem mais cadáver
para exumação e autopsia
Teria mesmo existido
ou só foi falso braseiro o tempo todo?
Cadê minha mulher que estava aqui?
O vento frio que há pouco me envolveu
redemoinhou nos olhos e sumiu
Foi o corpo-pó do amor que fugiu