Acontecimento urbaníssimo
Como tem chorado
o homem
que mora aqui ao lado
Acordo às madrugadas
com seu surdo soluço
Rio turvo em rosto turvo
Desde que conheço o inocente
não há vértebras ou músculos seus
que não chorem de corpo inteiro
Tão imensa e tão mínima
é a pátria do peito
que só deseja voltar para casa
Aqui sobrevivo enlouquecido menino
que sonha apenas salvar o mundo
É preciso
não voltar ainda para casa
Mas como fazem falta minhas asas