Necessários reimplantes
Os dias escarpam as montanhas do tempo
com as próprias unhas
feridas
Escarpando paredões séculos acima
escalpelaram o milênio passado
Degolarão a carótida do terceiro?
Tomam de assalto casas capelas risos
e corpos virginais
Os dias são pura escarpa
em árida pele montanhosa
avalanche de pedras e precariedades
II
Mas a alma dos mares não é lama
Cardumes de peixes salvadores
ao invés de páginas em branco
ou declarações de guerra
O milênio recém-nascido
é corpo em nódoas
e nós
visitados por tempestades permanentes
III
Precisamos de muitos implantes
para aplaudirmos o desfilar do terceiro milênio
Perdemos há muito
os braços para os abraços e os aplausos