NÃO TER NADA DE MIM
Quisera eu um fim a que se ter
Dor que vem de uma certeza nefasta
Quisera buscar uma trilha onde encontrasse sonhos
De uma longínqua infância
Quisera eu aprender ser
Amar sem preconceitos e esperas
Saber o que atrás daquela curva virá
Um sorvete colorido tomar
Quisera que os homens fossem meninos
Á ofensas esquecerem
A guerrearem guerras de papel
E a vida verem por lentes feitas de mel
Quisera ainda em super-heróis acreditar
De chuva sem medo me banhar
Assistir a inocência à meia noite passar
Acreditar nas bondades humanas
Quisera saber que mães amam
E ainda amamentam flores
Em seios de amor e ternura
Doce e quentura
Quisera voltar ao tempo
Para abraçar um desconhecido
Comer um ovo frito
Saber apreciar um amanhecer
Quisera eu um colo gigante
Desejos em longa lista Arrolar
Ter vontades supridas
Amar sem receios
E saber minha missão cumprida
Quisera não chegar o depois
Ter mais tempo no agora
Fazer sem pressa e sem demora
Aquilo que há dias estou a adiar
Quisera ser um relógio
A bailar Pelas horas
De ponteiro vestir-me
Só para o tempo contrariar
Quisera viver de esperança
Dormir o sono de criança
Não ter pressa para viver
Saborear meu anoitecer