A Lua nem apareceu
Mudei-me. Finalmente tornou-se fato
Carreguei meu coração para outro lugar
Mal acondicionado no meu peito, veio em tantos cacos
Que nem num caminhão-baú deu para transportar
Mas as lembranças vieram todas comigo
Junto com a saudade daquele lugar
Onde por tantos anos considerei meu abrigo
Onde eu realmente pude chamar de lar
As minhas roupas agora cheiram a gasolina
As mesmas que por anos traziam o cheiro do Mar
Meus móveis ainda retêm traços da maresia, ó sina
Minhas narinas a novos odores terão que se adaptar
Meus ouvidos ainda insistem em ouvir o canto dos passarinhos
Que todas as manhãs improvisavam um coro para me acordar
Meus cabelos reclamam que a brisa já não lhe faz mais os carinhos
Que os deixavam revoltos nas manhãs que eu ficava admirando o Mar
A Lua é bem capaz de não aparecer refletida na minha alma a me saudar