POEMA FEITO NO INSTANTE EM QUE D. JOAQUINA, ESPOSA DE JOÃO FRANCISCO, TENTAVA, EM DESESPERO, ESPANTAR UM MOSQUITO INIFENSIVO DE PERTO DO PRÓPRIO MARIDO – NA CAMA, A ESCREVER
ou – João Francisco, o quase imortal –
João Francisco, certamente um escritor famosíssimo,
se registrasse o que pensou
quando ouviu o zunzum de um mosquito
deliciosamente aporrinhante,
ia e vinha
– fenomenal –,
qual um caça-bombardeiro em outra guerra mundial
como quase todo o humano,
à espera
– colossal –,
o sono vir ao Francisco pro seu zunzum disparar
João Francisco, certamente um escritor famosíssimo,
se registrasse o que pensou
quando ouviu o zunzum de um mosquito
ora quer se deixar picado, ora quer esmagar o talzinho,
tão grande,
– tão pequenininho –
impossível qualquer linha naquele zunzum danado
maleita, febre amarela, dengue, malária, impaludismo:
para o ralo, a inspiração
– escuridão –,
o fim do fio da meada de versos que iam dar em um poema
[João Francisco passou e o mosquito ficou – a zunzunar]