TOTALIDADE

Queria dar-te hoje

a imensidão de todo o meu riso

e o sorriso de todas as flores.

O azul de todos os céus,

a infantilidade de todos os pardais.

Mil olhares e promessas,

sonhos, e todos os teus desejos.

A magia deste indecifrável e louco amor,

e o amor de quase todos

os indecifráveis loucos.

Este Deus que move o meu corpo,

e o corpo de todas as deusas.

A paz de todos os verões

e a longitude do universo.

Queria dar-te poemas,

rimas, prosas e sonetos

e a simplicidade do meu verso.

Queria dar-te hoje,

o sonho de todas as crianças,

o brilho de todas as luas,

a solidão de todas as ruas,

e o desespero das minhas mãos

a procurar pelo conforto das tuas.

Queria dar-te hoje,

o coração delirante de todos os poetas

e este poeta que vive para o teu coração.

A valsa e a dança de roda,

a luz, o lago e a ilusão,

matérias primas desta canção.

Queria dar-te hoje, até mesmo,

a plenitude do meu sono derradeiro.

Para que dele simplesmente fizesses

um momento mágico e de tão rara beleza,

que mesmo diante de tamanha tristeza,

ninguém o lamentasse, chorasse ou percebesse.