DAS ROSAS QUE NÃO VI
Sei que existem em algum jardim
aquém ou além, lá no fim.
Não se mostram pra ninguém,
também não florem pra mim.
Elas não se dão à visão,
ao tato ou ao nariz.
Só aparecem na imaginação
de quem vive por um triz.
Pressinto seu perfume
desd’aurora. E agora,
no arrebol da vida, pinto
sem lume sua púrpura cor.
Quero-as. No esplendor
da textura em veludo,
na suntuosidade pura
que separa o nada do tudo.
Que elas me descubram
já que não as posso ver.
E que em manto me cubram
na hora em que eu morrer.
Lina Meirelles
Rio, 04.04.09
Para o Forum - Poesia on line - Mote: Não quero rosas, desde que haja rosas//Quero-as só quando não as possa haver./////O que a minha alma ignora //É isso que quero possuir. (Fernando Pessoa)