Morte...

Enfermidade na alma

Esfacela-se o primitivo... Conceitos, motivos

Lançam-se ao vento

As lembranças, os momentos

As virtudes do passado são os vícios de hoje...

Outrora me tranqüilizavam as estrelas nos céus

Meu olhar se inundava de luz ao se dirigir a elas

E uma prece muda me acalmava o coração...

Hoje estou morta na emoção

Meus ouvidos atentos

Captavam a melodia do universo

E me sentia como serenada pela voz materna...

As estrelas expulsavam meu medo

Da escuridão da caverna do meu inconsciente

As luzes me atraiam, me alegravam...

Liberta me sentia...

Etérea como a luz da lua

Pura e simples como o orvalho em sua missão de beijar a terra...

Singular no meu sonhar

Minha esperança se harmonizava com meu instante

Vivia feliz, radiante,

Eu tinha você...

Trago hoje a enfermidade na alma

E meu poeta adoeceu

Em estado terminal se encontra

Vacilando no meu balbuciar nas linhas

E as letras que sempre se atropelavam

No afân de se tronarem palavras...

Na ansiedade de fazerem

Meus sentimentos, emoções

Tomarem vida...

Hoje escasseiam e me sufoca

Desaprendi a descrever meus sonhos....

Tento voltar a trás e reaver a sincronia com minha realidade

Mas em preto e branco minha aquarela desponta

E a sintonia do meu passado

Desfeita esta... Perdi contato com a felicidade

Você ficou num tempo, num espaço qualquer

Longe de mim... Não mais me quer!

Tento não deixar solto num redemoinho de angústia

Meu instinto de sobrevivência

Mais é imensa a carência, a solidão... Sinto tanto tua ausência.

Você era meu porto mais que seguro

Estou perdida num mar estranho

As lágrimas me nublam os olhos

E cega, não consigo vê as estrelas

Sofro o colapso da imersão nas águas do misticismo

Fundo mergulho, onde só poderia nadar

Meu oxigênio escasseia

E o silêncio inunda meu peito

O sono da morte me enlaça

Eu só quero me deixar abater... Nada mais!

Observadora
Enviado por Observadora em 04/04/2009
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