SEDE DE ÁGUA






Àgua doce, água salgada, água de rio, água de mar, água benta, água de todo lugar,
Benvinda e bendita: água que salva, água que lava...
Água de "Trevi", de todos os desejos, que irriga, que floresce...

Olho-a cair lentamente
Cachoeira abaixo, nebulosa,
Branca, leitosa e deslumbrante

Às vezes, eu mesma, olho-a
A correr dos meus olhos
Sem motivo, com motivo...desvalida (em mim)

Vejo-a em esguichos nos desperdícios
Em mãos inábeis e insensatas
Imprudentes com o devir....

Vejo-a em bocas sedenteas
A emprestar sorrisos de contentamento
E a colher frutos de agradecimento...

Vejo-a assim: mal usada,
Escassa. No semi-árido
As orações para que venha, no sudeste para que vá.

Água dos poetas "de beber", de fechar "o março"
De abrir " dezembro", de deslumbrar os sentidos
De cerrar os olhos, de embalar o sono.

Água "de castigo" em mau uso, nas enxurradas em que
Reclama os abusos
Água da minha vida, água da minha sede...
Água do meu viver, água do meu querer...


LENIR CASTRO
SECCIONAL NITERÓI - RJ