Evocação

Minhas mãos não te alcançam

Meus pés desencontram seu rastro

Meus olhos não cruzam sua vista

Meu ser necessita beber dessa fonte

Olhas e não me vês

Não sente minha alma arder

Meu espírito em prantos

Meu ser tremer.

Como chegar a ti?

Oh, anjo da dor!

Tenho-te e não conheces

Tens-me e não acordastes.

Traz-me uma certeza,

Verdade intrigante

Uma clarividência recôndita.

Numa vil fortaleza.

Como alçar voo

Atingir tua mente

Tocar sua mão

Seguir teu passo?

Lançar-me no horizonte

Atravessar o monte,

Qual pássaro em gaiola,

Ir à nascente?

Qual sorte me abraça?

Anjo da noite feroz

Sonda-me, leva-me

Como criança no ventre.

Uma miudeza assola-me

Na nobreza do sentimento

Que não atinge seu ser

Que mortifica meus restos.

Que me torna brisa ardente

Poeira da tua estrada

Passagem fechada

Volúpia serena

Pés descalços

Criatura despida

Na realidade que ilude

No desvario de outros traços

De minha vida intocada.

Lucimar Oliveira
Enviado por Lucimar Oliveira em 04/04/2009
Reeditado em 24/08/2017
Código do texto: T1521737
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