44 versos
Nesoepe, nome dito.
Por ter sido, é bonito.
No que vejo, ou imagino,
sou feliz por só ter tido.
Noite, que antes era imensa,
hoje é curta e fatídica.
Se eu chamo, é sem malícia,
porque a rima se anuncia.
Se não busco, me transformo
no omisso protegido;
temor de rejeição
faz nascer o precavido.
Covarde, se quiserem,
digam se quando desejarem.
Minha estrela é quem conhece
forte alma em mim vivente.
Sei, não me acho em desencontro.
Pois no encontro que almejo,
me travisto de bonito
e ignoro a flecha alheia.
De vogais e consoantes,
cada qual com sua antecedente.
Assim, se descobre o nome
da eterna musa do poeta.
Falso coração bate em falsete -
Não te embriagues, fígado estúpido!
Respiro, pois, o gás maldito
na boemia vitalícia.
Sem rima quero estar
na frequência do projétil.
E faço em quem merece amar
poesia que é tão fértil.
Fútil vaso, que vazava,
que de tão fútil, se quebrou.
Inútil coração bobo,
que a ninguém interessa, mas a todos tem.
Vivo, então, vou mais além ,
do que a morte que procurara.
Porque o nome que canto faz-me
mais sutil na longa estrada.
Portanto, encerro minha quadra
naqueles singelos caracóis.
E, o perfume, de novo, sinto
simplesmente porque dói.