Espectro
Sou teu olho
e teu ventre.
Teu saber
e tua ação.
Sou intrínseco
a ti mesmo.
Sou sem carne
e incompleto
na Morte certa
e inevitável.
Sou visão
e maior justificativa.
Sou no ponto
entre o nada e o tudo.
Sou enquanto
tu existes,
e existo até
quando tu morres.
Sou o que
todos duvidam.
Não afirmam
e, se contestam,
falta boca e
sobra a feliz doença
do tabu e da descrença.
Sono un cuore,
che batte forte dentro te.
Sou o sangue,
a veia em essência
do que se é
sem querer ser.
A verve que
ferve e explode
nas oficinas do saber.
Sou as Musas,
ninfas toscas;
teu deus profano,
que é você
e não queres ver.
Não acreditas quando nadas
no mar alegre e fugaz.
Mas ti apegas quando sofres,
e não tens mais por onde andar.
Sou tua Alma, homem.
Encontra-te a ti mesmo,
e aí, me sentirás.