ESSÊNCIAS AMARGAS
Somos cepas sem raízes
Plantadas em vários solos
Damos uvas de matizes
Ôscas de camas e colos.
Somos bagas temporãs
Mutantes em demasia
Tão doces pelas manhãs
E amargas no fim dos dias.
Procuramos coisas vis
Nas adegas de si mesmo
Enchemos os nossos barris
De castas colhidas a esmo.
Quase vindima perdida
Varietais mal adaptadas
Enchemos de mosto a vida
E de frutas estragadas.
Somos cepas sem dormência
Brotas precoces de agosto
Nossa essência, na aparência
Traduz um vinho sem gosto.