ESSÊNCIAS AMARGAS

Somos cepas sem raízes

Plantadas em vários solos

Damos uvas de matizes

Ôscas de camas e colos.

Somos bagas temporãs

Mutantes em demasia

Tão doces pelas manhãs

E amargas no fim dos dias.

Procuramos coisas vis

Nas adegas de si mesmo

Enchemos os nossos barris

De castas colhidas a esmo.

Quase vindima perdida

Varietais mal adaptadas

Enchemos de mosto a vida

E de frutas estragadas.

Somos cepas sem dormência

Brotas precoces de agosto

Nossa essência, na aparência

Traduz um vinho sem gosto.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 01/04/2009
Reeditado em 07/04/2009
Código do texto: T1517383