O avesso
Antagonismos, contradições.
O outro lado,
o lado feio, não acabado.
Que ninguém vê, que choca.
Imagine ver tudo ao avesso?
O avesso da derme... O avesso... O avesso...
O outro lado, o “direito”,
bonito, acabado,
existe para que cada um fique impressionado.
Ambos são partes do todo,
o que vemos e o que não.
Interdependentes são.
Só existe um porque existe o outro,
mas só um faz sucesso, aparece,
o outro, contato, intra, toque, sangue, suor... padece.
Somos íntimos do avesso. O avesso somos nós,
e aos nos mostramos, apresentamos
o direito, o lado acabado, o que não somos.
O avesso do avesso do avesso do avesso do poeta
é o seu direito, seu exterior.
O poeta não se mostrou.
Jan Câmara
10/05/2008