"EVOLUÇÃO" Poema de Flávio Cavalcante

EVOLUÇÃO

(Poema espiritualista)

Autor : Flávio Cavalcante .

I

Aurora de um dia quente

Tempestade numa noite fria

Outrora de uma marca eminente

As manchas que na face havia

II

Manchas com dissabor do egoísmo

Manchas com odor da vaidade

Espírito ávido e vívido

Sereno da doce bondade

III

Um grito forte e sereno

Ouvia de montanha acima

Vivia pedindo ao supremo

Clamor por sua sina

IV

Mãos presas, estou amarrado

Por que não estou vendo cordas?

Estou numa cadeira de rodas

Num sentimento amargurado

V

Falo com a voz tropeçante

Ferindo as cordas vocais

Suspiro efêmero e agonizante

Os meus pés já nem mexem mais

VI

Estendo as mãos crespas e enrugadas

Na frieza da água barrenta

Pés sujos na terra encharcada

No lamaçal que me atormenta

VII

No fim do túnel ouço uma voz

Minhas lamúrias escutaram

As cordas perderam os nós

Minhas mãos desamarraram

VIII

Gritei até ouvir o eco

Repetindo várias vezes

Libertando o meu ego

Da triste e estarrecida rede

IX

Sinto frio nessa escuridão

Sinto medo nesse pasto vago

Preciso ouvir uma canção

Preciso de seu afago

X

Estou aqui, filho querido

Disse-me uma voz majestosa

E de forma milagrosa

Curou meu corpo ferido

XI

As trevas se curvaram

À luz do amanhecer

Os anjos então cantaram

Antes do meu padecer

XII

Não tenho mais medo

Essência branda e branca

Véu de uma nova esperança

Que felizmente veio mais cedo

XIII

O crescimento véu do saber

Da choupana que minha alma habitava

De tudo que eu não esperava

Não há evolução sem querer

XIV

Jogar tudo pro alto

Viver na pobreza material

Lição que a vida de fato

Eleva o ser pro final

XV

Bate no peito com garra

Venceste a primeira lição

Tu que eras um primata

Hoje tens uma evolução

XVI

E depois do aprendizado

Viste com a pupila madura

De olho brilhante e molhado

Com lágrima da alta candura

XVII

Passou para um plano maior

De paz amor e harmonia

Graças hoje não estou só

Vivo em muitas companhias

XVIII

Precisei sentir remorso

Para chegar onde estou

Passo paz para quem posso

Canto louvando o amor

XIX

Eu sou de guarda e cuidado

Patente que recebi

Um ser fidalgo iluminado

Um guia muito feliz

XX

A felicidade não é deste mundo

Tudo vem doutra dimensão

Um balde num poço profundo

No fundo de um coração

XXI

E neste poço tem um mistério

Que até o infinito indaga

A gota dá gosto de ser etéreo

A angustia que o corpo apaga

XXII

O mistério do sentimento

É como a água desse poço

É como o estreito do fosso

Que leva água ao conhecimento

XXIII

Água clara e límpida

Grãos de areia no fundo

Veia grossa e lânguida

Peixe que mergulha profundo

XXIV

A maturidade do ser interior

Vivenciado pelo crescimento

Dado por quem pratica o amor

Dando a quem tem merecimento

XXV

Abrace o berço que nasceu

Amai à teu próximo para sedes de luz

Não cuspa no prato que comeu

Pratique as palavras de Jesus

XXVI

Assim verás um caminho

Bem largo para tua ascensão

Não mais pisarás em espinho

E daí, ganharás um brasão

XXVII

Serás ouvido pela consciência

Do teu próprio eu desconhecido

Quem fala é um corpo ferido

Digno de uma penitência

XXVIII

O amor é...

Puro como uma criança

Lapidado como diamante

Belo como uma flor que dança

Com o vento num sol brilhante

XXIX

Sendo assim vives feliz

Porque aprendeste a amar

Mas voltas ao mundo e me diz

Como agora está o teu lar?

XXX

Olhei e vi a diferença

Desde quando desencarnei

Olhando com olhar de sentença

Fiz de tudo, mas não me segurei

XXXI

Chorei minha saudade

Mas tive que me conformar

Cumpri minha penalidade

Com graça pude voltar

XXXII

Jorro de lágrimas claras

Descia de face a baixo

De muitas lembranças raras

Uma flor, uma pétala, uma cacho

XXXIII

Triste sina essa minha, que destino

Saudade de quem eu amava e fui amado

Por causa de uma ação de menino

Hoje estou desencarnado

XXXIV

Um pensamento atrapalhado

Um problema insuperável

O desespero de um arrasado

Da depressão um ser amável

XXXV

Vida tirada à força

Fraqueza problemática

Agora me libertei da forca

Tirei minha vida apática

XXXVI

Olho num brilho incandescente

Cegos de guia e de bengala

Tristeza que traz o sol poente

Emoção que faz perder a fala

XXXVII

Seriedade às vezes necessária

Temeridade por falta de amor

Serenidade que por si gargalha

Jorra lágrima num pranto de dor

XXXIII

Agasalha com um manto felpudo

As glórias que por fim conquistas

O dom de fazer o bem traz tudo

Deixando para trás tuas dívidas

XXXIX

Dívidas de raiva e de rancor

De mesquinhez e de migalhas

De coisas fúteis e de amargor

Mas de esperanças e muitas malhas

XXXV

Esperança, amor demais

Regada por uma boa ação

Subindo mais um degrau de paz

Ascendo a nossa evolução

(Fim do poema Espiritualista "EVOLUÇÃO").

Autor: Flávio Cavalcante.

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 30/03/2009
Reeditado em 26/12/2020
Código do texto: T1513898
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