Lar
É hora de parar.
Quando se chega
ao fim da estrada,
onde um muro cerca
o que se pensa
do pensar.
Lá é o fim
do que se diz
ao léu;
em véu de beleza
e fel de realidade.
Lá o lago
é seco, já sem vida.
Sem ideia, então
se vê a pena
perdida no esquecimento
das lembranças
que não se deixaram construir.
O campo é seco
e cinza são os morangos
que coloriam o amor
das palavras,
e que adoçavam
o fervor das revoluções.
De beatles
até beatniks
somos hoje
bitolados.
Geração improdutiva
que faz dessa
pobre habilidade
a verdade do
que agora
comemos e compramos.
Estamos afogados
na falsa imagem
de coxas perfeitas
e vaginas que
fedem como qualquer outra.
Sufocados pelas roupas
de marcas conhecidas
e modelos indigentes
que falecem e desfalecem
sempre a cada dia
vomitando a ilusão
da perfeita vida
sobre bingas aidéticas
de cigarro.
E os vícios, então salvam
hipócritas mercenários
atrás de mudanças
e rebeldias protegidas
pelos berços dourados,
outrora abrigos da
bêbada sensação
de liberdade e segurança.
A miséria,
o torpor
e a entrega
da putaria,
boemia,
alegria insensata
me faz agora ver
e cegar para o
que me faz contraditório
e incoerente quando discurso
e busco a coerência
em meu dia a dia
repetitivo e cotidiano.
Os chefes de leis
e instituições.
Os patrões,
seus empregados.
As religiões
e seus deuses.
Tudo o que
edifica minha descrença
na humana possibilidade
de se haver
algo sobre o
que tratar
neste instante em que meu
peito não crê
nas instituições,
mas apenas nas pessoas.
É hora de recomeçar.
Por onde paramos
e de onde entendemos
que chegamos ao ponto
de partida;
o mesmo de sempre,
mas cotidianamente
mais decadente.