Lar

É hora de parar.

Quando se chega

ao fim da estrada,

onde um muro cerca

o que se pensa

do pensar.

Lá é o fim

do que se diz

ao léu;

em véu de beleza

e fel de realidade.

Lá o lago

é seco, já sem vida.

Sem ideia, então

se vê a pena

perdida no esquecimento

das lembranças

que não se deixaram construir.

O campo é seco

e cinza são os morangos

que coloriam o amor

das palavras,

e que adoçavam

o fervor das revoluções.

De beatles

até beatniks

somos hoje

bitolados.

Geração improdutiva

que faz dessa

pobre habilidade

a verdade do

que agora

comemos e compramos.

Estamos afogados

na falsa imagem

de coxas perfeitas

e vaginas que

fedem como qualquer outra.

Sufocados pelas roupas

de marcas conhecidas

e modelos indigentes

que falecem e desfalecem

sempre a cada dia

vomitando a ilusão

da perfeita vida

sobre bingas aidéticas

de cigarro.

E os vícios, então salvam

hipócritas mercenários

atrás de mudanças

e rebeldias protegidas

pelos berços dourados,

outrora abrigos da

bêbada sensação

de liberdade e segurança.

A miséria,

o torpor

e a entrega

da putaria,

boemia,

alegria insensata

me faz agora ver

e cegar para o

que me faz contraditório

e incoerente quando discurso

e busco a coerência

em meu dia a dia

repetitivo e cotidiano.

Os chefes de leis

e instituições.

Os patrões,

seus empregados.

As religiões

e seus deuses.

Tudo o que

edifica minha descrença

na humana possibilidade

de se haver

algo sobre o

que tratar

neste instante em que meu

peito não crê

nas instituições,

mas apenas nas pessoas.

É hora de recomeçar.

Por onde paramos

e de onde entendemos

que chegamos ao ponto

de partida;

o mesmo de sempre,

mas cotidianamente

mais decadente.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 30/03/2009
Código do texto: T1513514
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